Neste livro o autor abandona seu tema favorito das sagas mineiras e nos dá um panorama da vida no Nordeste. É uma pintura nítida dos costumes políticos, sociais, urbanos e rurais do interior nordestino. tem o livro imagens de puro sabor agreste; movimentação de número considerável de figuras, geralmente recortadas com segurança e que se movimentam firmemente, como criaturas reais, umas ricas em virtudes e outras rastejando na vileza; história singela que adquire grandeza e mantém o leitor atento; contribuição valiosa em regionalismo e modismos.
Agripa Vasconcelos nasceu em Matozinhos, Minas Gerais, em 12 de abril de 1896 e faleceu em Belo Horizonte, em 20 de janeiro de 1969.
Formou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, tendo defendido tese, aprovada com distinção, para obter o título de Doutor. Toda sua vida foi dedicada à medicina, tendo trabalhado em diversas cidades mineiras e em Recife como médico-chefe do Banco do Brasil até aposentar-se. Fazia de sua profissão um apostolado e com seus diagnósticos sempre precisos, como clínico geral, obstetra e cirurgião, ia sempre ajudando, curando e fazendo amigos.
Foi também um dos maiores escritores e poetas de Minas. Foi membro da Academia Mineira de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e do Instituto Histórico de Ouro Preto.
Sua coleção Saga do País das Gerais colocou-o entre os maiores escritores de seu tempo, e só essa obra bastaria para consagrá-lo. Fundamentado em pacientes pesquisas às quais o autor dedicou muitos e muitos anos, cada volume das Sagas vale por um verdadeiro documento da época do ciclo que focaliza. O enredo de cada livro é o próprio enredo da história e, por ser rigorosamente histórico, tudo o que contém interessa a quantos desejam conhecer a verdadeira significação das Minas Gerais na história do Brasil. Sete obras compõem as Sagas: Fome em Canaã, relata o ciclo do latifúndio; Gongo Soco, o ciclo do ouro; A vida em flor de Dona Beja, o ciclo do povoamento; Sinhá Braba, o ciclo da agropecuária; Chica que manda, o ciclo do diamante; Chico Rei, o ciclo da escravidão; Ouro verde e gado negro, o ciclo do café e da abolição do cativeiro das Gerais.
No livro São Chico, que segue as mesmas características dos livros das Sagas, mas dessa vez o autor fala do nordeste brasileiro. Os livros Ouro verde e gado negro, São Chico e o mais recentemente publicado Corpo fechado- contos e lendas, foram publicados após a morte do autor. Sobre esse último, é importante ressaltar a apresentação assinada por uma de suas filhas, a advogada Mára de Vasconcelos Mancini, curadora de sua obra, para entendermos um pouco mais a capacidade de produção desse autor incansavelmente criativo, que diz: " É Inacreditável!
São pastas e mais pastas cheias de papéis, pilhas de cadernos e folhas soltas, um amontoado de anotações que tento entender de onde vêm. Afinal, me pergunto sempre: A que horas Agripa dormia?
Cada vez que abro uma dessas pastas que guardam seus escritos, cada vez que folheio esses papéis, sinto-me como um garimpeiro diante de uma mina de diamantes e tento tirar ali de dentro aqueles tesouros escondidos. A produção deixada por Agripa é imensa, talvez maior do que aquilo que dele já foi publicado ou que seja conhecido, e tento fazer dessas pedras brutas, que são seus manuscritos em letra miúda e quase ilegível, jóias de rara beleza que possam ser apreciadas por todos"...
Obras do autor:
Sinhá braba
A vida em flor de Dona Beja
Fome em Canaã
Chica que manda
Chico rei
Gongo Soco
Silencio
São chico
A morte do escoteiro Caio
De que morreu o Aleijadinho?
Ouro verde e gado negro
Nós e os caminhos do destino
Negro velho
Elogio a Miguel Couto
Memorias de um barbeiro sangrador
Humildade resignada
As diabruras da comadre raposa
Láurea
A mocidade velha de Aureliano Lessa
Alphonsus de Guimaraens e o Simbolismo brasileiro
Suor de sangue
Estudo clínico de aneurismas artério-venosos
Profilaxia da malária
Sementeira nas pedras
Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Agripa_Vasconcelos"