“Meu colega de quarto na faculdade, um cínico perspicaz, expressava seu ceticismo com relação às minhas crenças ideológicas. Dizia que o mundo não podia ser encapsulado inteiramente dentro dos limites da filosofia socialista. Eu chegara a essa conclusão mais ou menos por conta própria, mas ainda não o havia admitido em palavras. Pouco depois, li Viagem ao cais de Wigan, de George Orwell. Este livro me derrubou de vez — pôs abaixo não apenas minha ideologia socialista, mas minha fé nos posicionamentos ideológicos em si. No famoso ensaio que encerra o livro (escrito para o — e para grande tristeza do — British Left Book Club), Orwell descreve a grande falha do socialismo, e a razão para o seu fracasso recorrente em reunir e manter o poder democrático. Orwell diz essencialmente que os socialistas, no fundo, não gostam dos pobres. Eles tão-somente odeiam os ricos. A idéia me atingiu em cheio. A ideologia socialista servia para mascarar o ressentimento e o ódio gerados pelo fracasso. Muitos dos ativistas do partido que eu conhecera estavam usando os ideais de justiça social para racionalizar sua busca por vingança pessoal.”
— Jordan Peterson
Ficção / Filosofia / Política