Começa um emocionante caso de amor com a literatura brasileira. Irresistíveis, enamorados, apaixonados, os 13 contos organizados por Rosa Amanda Strausz que compõem este livro provam que a palavra ainda é a melhor arma de sedução. Foram convocados alguns dos melhores escritores brasileiros. A fina ironia de Machado de Assis, Drummond e Luiz Fernando Veríssimo divide espaço com a delicadeza de Marina Colasanti, o lirismo de Paulo Mendes Campos e o desespero de Caio Fernando Abreu. Ao lado de autores já consagrados, revelam o olhar de contistas menos conhecidos do público, mas prontos para despertar um dos mais duradouros tipos de caso de amor que atinge o leitor: a paixão pelo texto. O amor fala. Está presente nos romances, nos poemas, nas crônicas, contos, na literatura infantil, nos romances policiais, nos contos de fada, nas narrativas orais, nas histórias em quadrinhos. Antes que alguém lembre que os limites entre os gêneros literários andam tão esfumaçados como aqueles que delimitam amor e paixão ou amor e morte, ou amor e ódio, ou amor e tédio, convém explicitar os critérios que nortearam a escolha das treze histórias que compõem este livro. Seria razoável e fácil buscar nos clássicos as melhores histórias de amor, diz Rosa Amanda. Mas, assim como a literatura, o amor nunca é razoável e raramente é fácil. Como ponto de partida, uma única exigência editorial: trabalhar com contos ou crônicas. Nada de cartas, poemas, fragmentos ou letras de música. Tanto o conto quanto a crônica são relativamente recentes na história da literatura brasileira. Aqui, o conto surge como romantismo, mas só ganha força de verdade no realismo, o que pode ser traduzido em termos cronológicos como o fim do século XIX a celebrar a revolução sexual, a igualdade dos gêneros e a falência do modelo familiar tradicional. Aqui, o amor idealizado dá lugar à transgressão, à solidão, ao desencontro e à expectativa. Não é à toa que muitas histórias tratam de dissociação entre amor e casamento, ou do primeiro amor, da impossibilidade do encontro perfeito ou da sombra imposta pela Aids. A idéia inicial da organizadora era compor esta pequena antologia apenas com contos. Mas, em pleno século XXI, como marcar com segurança os limites que separam o conto da prosa poética, ou da crônica? Então, o critério adotado na seleção dos textos foi mais emocional do de técnico.
Contos