"Só mesmo o Mouzar Benedito poderia ter escrito este livro e vocês vão entender por quê. 1968, por aí... é sobre uma reviravolta cultural, social, sexual, musical e tudo mais, vivida coletivamente por toda uma geração. E o Mouzar estava lá, como estudante de Geografia da USP, depois como jornalista, que saiu da pequena Nova Resende, em Minas Gerais, para gozar o furacão cultural num dos seus epicentros, o mundo estudantil de São Paulo.
A gente sabe, no entanto, que nem tudo era festa e liberdade. Nesse livro, o leitor encontra também Memórias burlescas da ditadura, recordações de prisões, torturas e assassinatos praticados arbitrariamente pelos usurpadores do governo, e que geraram um tremendo sofrimento e muita revolta. Mas que nem por isso deixaram de proporcionar boas risadas. É que as ditaduras costumam encontrar a química perfeita entre opressão política e muita estupidez!
Se a barra pesou e o povo resistia como podia, a desinteligência dos militares golpistas fazia rir e, assim, dava pra achar um jeito de tornar a vida mais leve. O Mouzar, contador de histórias e gozador nato que é, sabe como poucos desmantelar a pose das "otoridades".
Mas tem ainda uma qualidade do autor que faz esse livro um dos melhores e mais saborosos relatos sobre o período: não há um líder estudantil ou operário, militante de organizações de resistência à ditadura e mesmo em movimentos de guerrilha que não tenha compartilhado em uma mesa de bar com o Mouzar e, entre cervejas e cachaças, contado muitas histórias, oficiais ou pra lá de clandestinas.
Ele divide isso tudo com a gente. Sem entregar ninguém, claro. O livro é também um delicioso convite à lembrança pra quem, como ele, viveu aqueles dias."
Maurício Ayer.