Nas palavras do psicanalista e psiquiatra J.-D. Nasio, a concepção de uma obra de arte "é um processo único e impenetrável. É impossível surpreender o segredo do ato de criar, que permanecerá sempre um mistério. A única coisa que podemos fazer é reconstruir mentalmente, a posteriori, o momento criador, e mesmo isso só é possível até certo ponto. Uma vez que nos é proibido partilhar com o artista seu ato de criar, não nos resta senão tentar revivê-lo em imaginação, senti-lo."
Partindo dessa premissa, Nasio investiga a questão da criação em vários âmbitos da arte. Na música, explora a singularidade da experiência de Maria Callas, para muitos a diva máxima do canto lírico. No campo da pintura, investiga a relação entre as obras de Francis Bacon e Velázquez; analisa o impacto que uma tela de Picasso teve sobre uma paciente; e se debruça sobre os expressivos quadros de Félix Vallotton, numa avaliação profunda das experiências pessoais do pintor e da influência delas sobre sua vasta produção. E não deixa de lado a dança, como uma sublime expressão do inconsciente.
Em jogo ao longo de todo o livro estão a arte e a sublimação - conceitos que Nasio relaciona de forma original e ao mesmo tempo profundamente ligada ao pensamento psicanalítico.
Psicologia