Os escritos que compõem A alma e as formas não apenas asseguraram ao jovem Lukács - junto a autores do porte de Karl Kraus e Rudolf Kassner, Walter Benjamin e Ernst Bloch, Siegfried Kracauer e Theodor Adorno - um lugar proeminente numa época de florescimento único da forma ensaística na Europa Central, como também representam uma das mais originais e provocadoras contribuições teóricas do começo do século XX. Expressão de uma crise pessoal e, ao mesmo tempo, de um empenho em decifrar um ponto de inflexão na história da cultura moderna, A alma e as formas exerceu influência sobre o Thomas Mann de Morte em Veneza, o Benjamin de Origem do drama trágico alemão e o Bloch de O espírito da utopia. Estilisticamente brilhantes, os ensaios lukácsianos também chamam a atenção pelas questões levantadas em torno da teoria dos gêneros literários, tal como evidenciam as reflexões sobre a tragédia, a novela e a própria forma do ensaio. Opondo-se tanto à estreiteza de perspectivas do positivismo como à trivialidade da crítica impressionista, o jovem Lukács desenvolve aqui uma perspectiva teórica sutil e radical. Ninguém conseguiu a um só tempo compreender e encarnar tão profundamente a essência do ensaio quanto o autor de A alma e as formas.
Miguel Vedda
Universidad de Buenos Aires
Ensaios / Filosofia