“Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Sei o que é passar necessidade e sei também o que é ter em abundância; aprendi o segredo de toda e qualquer circunstância, tanto de estar alimentado como de ter fome, tanto de ter em abundância como de passar necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece.” (Filipenses 4:11-13, NAA)
“O homem nasce para a tribulação, como as faíscas se levantam para voar” (Jó 5:7), por isso, todos nós precisamos aprender a mesma lição que Paulo: “Aprendi”, disse ele, “a viver contente em toda e qualquer situação” (Filipenses 4:11). Os crentes, de modo especial, desejam apresentar um comportamento santo quando passarem por tribulações e estiverem sob a pressão causada pela nossa sociedade cada vez mais secular.
Essas palavras são mencionadas para antecipar e prevenir uma objeção. No versículo anterior, o apóstolo tinha feito muitas exortações sérias e celestiais, entre as quais, “não andeis ansiosos de coisa alguma” (Filipenses 4:6, ARA). O apóstolo não diz isso para negar que deva haver:
Um cuidado prudente; pois, aquele que não tem cuidado de prover para a sua própria casa “negou a fé e é pior do que o infiel” (1 Timóteo 5:8).
Um cuidado piedoso; pois devemos buscar fazer cada vez mais firme a nossa vocação e eleição (2 Pedro 1:10).
Mas o apóstolo diz isso para remover todas as preocupações e ansiedades resultantes de nossas circunstâncias comuns: “Não andeis ansiosos pela vossa vida” (Mateus 6:25, ARA); é nesse sentido que um cristão deve cuidar para que não esteja ansioso. Considere que a palavra grega usada para “ansiosos” aqui significa “cortar o coração em pedaços”, uma preocupação que corta a alma. Somos convidados a “entregar o nosso caminho ao Senhor” (Salmos 37:5) e a palavra hebraica usada aqui significa “lançar o nosso caminho sobre o Senhor”. Nosso trabalho é nos livrarmos da ansiedade e o trabalho de Deus é ter cuidado de nós (1 Pedro 5:7).
Pela nossa preocupação excessiva, tiramos o trabalho de Deus das mãos dele. Quando nos preocupamos em demasia, seja por desconfiança ou por distração, desonramos muito a Deus, pois é como se o privássemos da sua providência, agimos como se ele estivesse assentado no céu e não se importasse com as coisas aqui embaixo ou como se ele fosse como um homem que faz um relógio e depois o deixa funcionando sozinho. A preocupação excessiva priva o nosso coração das melhores coisas e, geralmente, enquanto pensamos em como iremos viver, nos esquecemos de pensar em como iremos morrer. A preocupação é um câncer espiritual que destrói e devasta; por meio de nossa preocupação, nós podemos antes acrescentar um quilômetro à nossa aflição do que um centímetro ao nosso conforto. Deus ameaça a preocupação como maldição, “o teu pão comerás com preocupação” (Ezequiel 12:18). É melhor jejuar do que comer esse pão. “Não andeis ansiosos de coisa alguma”.
Então, para que ninguém dissesse: “Mas, Paulo, você está nos ensinando algo que mal aprendeu. Você já aprendeu a não ficar ansioso?”. O apóstolo parece se antecipar e responder tacitamente a uma pergunta como essa através das palavras do nosso texto: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”, essas palavras são dignas de serem escritas em nosso coração e de serem gravadas em letras de ouro nas coroas e diademas dos príncipes.
Religião e Espiritualidade