O mito de Tristão e Isolda é um ícone da literatura ocidental. Há nove séculos inspira poetas, escritores, músicos, pintores e dramaturgos sem perder a força. É uma narrativa atemporal, que toca em temas universais e revela um pouco da alma humana em cada personagem. Com o livro, A aveleira e a madressilva, Lia Neiva retoma essa lenda celta e cria uma adaptação para o público juvenil.
Na história, Tristão, sobrinho do rei Marcos da Cornualha, recebe a missão de descobrir uma esposa para o tio. Na Irlanda, ele encontra a moça perfeita, a princesa Isolda. Por ironia do destino, os dois se apaixonam, mas não conseguem impedir o casamento de Isolda com o rei. Aos jovens, então, não resta outra alternativa a não ser desafiar os costumes da época para viver um amor irreprimível.
De maneira hábil e original, Lia Neiva constrói um enredo dinâmico e intimista, que estimula o imaginário com ingredientes do universo mítico celta – magias, poções, simbologias e seres imaginários – ao mesmo tempo em que fala de liberdade, desejo, ciúme e traição. Sem julgamentos ou maniqueísmos, a obra expõe relações de amor e amizade, direito e dever e estimula uma reflexão sobre a autonomia do homem diante da sociedade.
Bem encadeada e rica em imagens, a trama mistura elementos da realidade histórica das tribos celtas com situações e detalhes nascidos da imaginação de uma grande contadora de histórias. A obra seduz pelo tema fascinante, a linguagem sem rebuscamento e a sucessão ágil dos acontecimentos. Apesar de dirigida ao público jovem, tem tudo para prender o leitor de qualquer idade.