Em A bicicleta epiplética (1998), primeiro livro do Gorey lançado no Brasil, a história começa no momento em que não é mais terça-feira, mas ainda não é quarta – uma boa amostra do clima de absurdo que permeia toda a obra. A partir daí, o leitor acompanha a aventura (ou desventura?) dos irmãos Embley e Yewbert, que, no melhor estilo Alice no País das Maravilhas, são guiados por uma bicicleta epiplética por campos de rabanete que não têm rabanetes, um grande celeiro tão escuro que não é possível ouvir nada, e uma tempestade tão forte que leva consigo os catorze pares de sapatos amarelos de Embley e o colete de oncinha de Yewbert. O traço fino e detalhista de Gorey dá o tom macabro das ilustrações, que se diferenciam radicalmente do que comumente se vê nos livros infantis. O livro original foi escrito à mão pelo próprio Gorey, e a Cosac Naify tomou o cuidado de desenvolver, especialmente para a edição brasileira, uma fonte que imita a letra do autor com perfeição.