Publicada originalmente em 1955, esta obra-prima de erudição debruça-se sobre as variações do mito de Pandora nas artes plásticas e na literatura, acompanhando as transformações da figura mitológica que é indissociável de seu ato dramático: a abertura do vaso e a liberação dos males do universo. Valendo-se de materiais heterogêneos, pinturas, gravuras, esculturas, logotipos editoriais, poemas e peças teatrais, os autores procuram decifrar os sentidos que o símbolo adquiriu ao longo do tempo.
Originada na Grécia Antiga e relativamente esquecida pelos clássicos latinos e pela tradição medieval, a imagem ressurgiu no Renascimento, sobretudo em solo francês. No curso desses trajetos, ela se associa a Eva, à alegoria da Esperança, ao corvo e a Psiqué. Dentre todas as representações destaca-se a de Erasmo de Rotterdam, que no século XVI articula a imagem da mulher ao objeto proibido.
Combinando pesquisa histórica e faro interpretativo apurado, Dora e Erwin Panofsky compõem uma análise que conjuga com maestria exame estilístico e perspectiva comparada. Nos termos de Leopoldo Waizbort: "É esse interesse pela dimensão cultural [...]e pelas condicionantes antropológicas [...] que fundamenta uma história social da arte".