Neste segundo volume, a aventura no tempo torna-se ainda mais desafiadora e instigante com o surgimento de movimentos contrários à realização dos experimentos do grupo do professor Samuel na caverna cristalina. Além do impacto social, para a vila de pedra de Igatu, das aberturas dos portais dimensionais e das viagens no tempo, cada um terá que lidar com suas dúvidas e medos mais profundos, ampliando a trama na qual todos estão envolvidos. Morte e renascimento se entrelaçam e conferem à vida uma nova dimensão, convidando o leitor a considerar diferentes realidades paralelas que acontecem simultaneamente e infinitas possibilidades de manifestação da consciência coexistindo no tempo.
“O dia nem tinha raiado ainda e o piquete já estava montado na frente da casa alugada em Igatu. Heitor e Henri, que planejavam dormir um pouco mais para garantir a boa disposição para o dia por vir, repleto de atividades, acabaram acordando com a algazarra dos descontentes da vila. Carro de som, cornetas, apitos, bandeiras do movimento em prol da liberação da Morada do Altíssimo e barricadas improvisadas acompanhavam os discursos acalorados que logo cedo despertavam a vizinhança, incitando o povo a se juntar contra o grupo de paulistanos indesejados.
Preocupados com a situação, Heitor e Henri espiavam discretamente, da janela da sala que dava para a rua, a crescente concentração de pessoas na frente da casa. Não eram nem mesmo sete horas da manhã e a aglomeração de piqueteiros tinha se transformado em uma turba ruidosa que ocupava toda a rua e a calçada. Não faltavam os mais empolgados que trepavam na mureta do jardim ou nas árvores robustas da rua para garantir uma visão panorâmica privilegiada sobre os acontecimentos por vir. A turma aguardava impaciente que Samuel aparecesse na porta. Chamavam-no ao microfone, desafiando sua coragem e exigindo explicações sobre o que acontecia na Morada do Altíssimo e sobre os últimos acontecimentos envolvendo Noel e Alvino. Os descontentes de Igatu requisitavam a liberação imediata da trilha proibida e uma agenda clara e precisa definindo a programação e os planos futuros do grupo sitiado. Haviam preparado um documento que fariam Samuel assinar, no qual ele se comprometeria a deixar Igatu em breve para nunca mais retornar.
Com medo de serem linchados pela massa de gente que os aguardava na rua, Heitor e Henri ligaram para Noel.”