Vinte anos depois da última edição, A comédia humana com orientação, introdução e notas de Paulo Rónai, volta às livrarias trazendo ao público brasileiro um dos mais importantes monumentos literários em 89 romances distribuídos em 17 volumes. Honoré de Balzac (1799-1850) dedicou vinte e um anos de sua vida para fazer um verdadeiro inventário da França no século XIX: costumes, negócios, casamentos, ciências, modismos, política, profissões, tudo entrava nesse imenso painel, costurado com maestria narrativa e exibido aos poucos em folhetins. Obras que compõem A comédia humana – volume 1 – Estudos de costumes – Cenas da vida privada AO “CHAT-QUI-PELOTE” Publicada em 1830, sob o título de Glória e desgraça (em francês Gloire et malheur), esta novela retrata a evolução moral da filha de um comerciante de tecidos apaixonada por um pintor. A análise do arrefecer de uma grande paixão, o choque de dois ambientes sociais dentro da história de um amor, com a admirável lição prática de psicologia amorosa dada pela duquesa de Carigliano à ingênua Augustina, revela a impossibilidade, para as almas burguesas, de conviver em pé de igualdade com um “gênio”. O BAILE DE SCEAUX O baile de Sceaux é um estudo das transformações sociais durante a Restauração, sobre o tema da “soberba castigada”. O conde de Fontaine, um tipo respeitável da alta nobreza, tem uma filha, Emília, que recusa qualquer mérito a todos os não-fidalgos, e recebe um castigo cruel: descobre que o pretendente, rejeitado por ser plebeu, é, na realidade, um aristocrata de alta linhagem. MEMÓRIAS DE DUAS JOVENS ESPOSAS Romance de cartas trocadas entre duas amigas, Luísa de Chaulieu, que “escolhe o amor”, e Renata de Maucombe, casada sem amor, e que acaba por encontrar alguma felicidade na harmonia do lar, no afeto do marido e dos filhos, na gravidez, no parto e na amamentação. Em seu primeiro casamento, Luísa é objeto, no segundo, sujeito da paixão: em ambos, esta, não cabendo dentro da forma que a sociedade lhe impõe, determina uma catástrofe. A BOLSA A bolsa começa no ambiente artístico de Paris ao qual Balzac nos introduziu em Ao “Chat-qui-pelote” ; mas depressa nos faz passar do ateliê do pintor Hipólito Schinner ao apartamento de suas vizinhas, que será o cenário desta novela sobre “a pobreza escondida”. MODESTA MIGNON No começo de 1844, a condessa Eveline Hanska, viúva do conde Wenceslau e noiva de Balzac, conhecida como “A Estrangeira”, imaginou este romance sobre uma jovem provinciana que se apaixona por um famoso poeta graças a seus versos, sem nunca o ter visto, e lhe confessa numa carta a sua admiração. Assediado por admiradoras, o poeta entrega displicentemente a missiva a seu secretário, pedindo-lhe que responda em seu nome. O secretário não somente enceta uma longa correspondência com a desconhecida, conquistando-a completamente para o poeta, mas chega a se apaixonar por ela. Surge, então, uma curiosa rivalidade entre os dois homens, quando a moça se revela uma das herdeiras mais ricas da província. Balzac publicou essa história sob o próprio nome, depois de umas leves emendas no Journal des Débats e pediu ao compositor Auber que fizesse a música da canção de Modesta.
Literatura Estrangeira / Romance