Conjugando numa unidade indivisível a tecedura das tapeçarias quatrocentistas La Dame à la Licorne com uma original interpretação da intriga nelas urdida, Maria Teresa Horta cria uma obra poética que se desdobra por vários cantos - «Arte e Ofício», «As Personagens», «As Tapeçarias», «O Mito», «À mon seul désir», «A Sedução», «Posse» e «A Eternidade» -, numa apaixonante e mágica composição que o modelo gráfico acompanha.
Com esta obra complexa, na qual uma sensualidade imanente subjaz ao lirismo com que a tragédia é tecida nos seus 72 poemas, a poetisa dá voz a um fascínio que remonta ao final dos anos 50, em Paris, quando se lhe depararam as tapeçarias numa primeira visita ao Musée de Cluny, actual Musée National du Moyen Âge. Entretanto sujeitas a delicadas operações de restauro, as seis tapeçarias de A Dama e o Unicórnio - «Paladar». «Audição», «Olfacto», «Visão», «Tacto» e a enigmática «À mon seul désir» - foram localizadas em 1841 pelo escritor e arqueólogo Prosper Mérimée, praticamente ao abandono, no castelo de Boussac. George Sand, Balzac, Jean Cocteau, Rilke, Marina Tsvétaïeva e a americana Hilda Doolittle figuram entre os escritores e poetas seduzidos pela que é considerada uma das obras-primas da arte medieval.
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