Uma Clarice Lispector “um pouco sem jeito” apresentava-se a seus leitores, em setembro de 1967, cerca de vinte dias após estrear como colunista do Jornal do Brasil. Esclarecia seu desconforto em escrever por encomenda, algo que fizera, na imprensa, anonimamente. “Assinando, porém, fico automaticamente mais pessoal. E sinto-me um pouco como se estivesse vendendo minha alma.” Ao longo dos seis anos seguintes, a escritora aproveitou aquele espaço das formas mais variadas: ela discutiu acontecimentos recentes, filosofou sobre a existência, tratou de acontecimentos cotidianos, falou de sua família e de suas angústias, e até antecipou trechos de seus romances inéditos. Esse vasto material foi reunido na coletânea de crônicas A descoberta do mundo, em 1984, e ganha agora, uma nova edição, que marca a comemoração do centenário da autora, projeto gráfico do designer Victor Burton e posfácio de Cora Rónai.
Crônicas / Literatura Brasileira