Referência incontornável para a literatura moderna, Baudelaire é o objeto de estudo deste belo ensaio do intelectual e editor Roberto Calasso, que aprofunda as contribuições do poeta para todas as artes.
Se Paris foi mesmo a "capital do século XIX", como queria Walter Benjamin, Charles Baudelaire seguramente compôs a figura que mais lhe emprestou uma fisionomia moderna. Partindo desse pressuposto, Roberto Calasso dá a ver neste livro um magistral retrato de grupo, em cujo centro está o poeta de As flores do Mal, cercado por uma pequena multidão de artistas, escritores e intelectuais que para ele convergem e dele derivam incessantemente.
Um dos mais profícuos ensaístas contemporâneos, o autor italiano disseca a ressonância da obra de Baudelaire sobre as mais diversas correntes e gêneros artísticos. A força do poeta - uma encruzilhada incontornável para se entender a literatura moderna - não deixou imunes nomes como Chateaubriand, Stendhal, Sainte-Beuve, Nietzsche, Flaubert, Manet, Rimbaud, Lautréamont, Mallarmé, Laforgue, Proust e tantos outros, "como se tivessem sido acometidos pela onda e submergidos por alguns momentos". Os sete capítulos que integram este longo ensaio se concentram no Baudelaire poeta-crítico de arte, com suas idiossincrasias e oscilações, mas em especial nas fulgurantes análises que fez de Ingres e Delacroix, as quais tiveram grande impacto em pintores como Manet, Degas e tantos outros.
Sem que nada lhe escape, Calasso expande e aprofunda os círculos concêntricos formados a partir da pedra de toque baudelairiana, capaz de empuxos que se ramificam a perder de vista, e assim nos faz perceber que a Modernidade ainda hoje nos interroga.
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