Ao longo das últimas décadas, dois sistemas de representação parecem ter dominado o campo médico-psicológico. O de uma psiquiatria social, que arrancando-se do gueto solitário indo casar-se enfim com o seu século ou o do psicanalista que propõe um modelo intransponível da exploração do eu.
Durante estes debates barulhentos que ocuparam a cena, novas tecnologias se instalavam e ocupavam lugares. Que nós entremos, de uma certa maneira, na pós-psiquiatria e na pós-psicanálise não significa evidentemente que as práticas que elas ainda inspiram estejam em crise ou o seu sistema deteriorado ou depassado. Mas elas estão em crise, o seu sistema se fissura, o imaginário que as mantinha se acalma e os "seus approaches" é tristemente banalizado no meio de uma nova corrente aonde elas pararam de dominar. A psiquiatria entra à volta da medicina tradicional e a psicanálise se afoga no seio de uma cultura psicológica que ela mesma ajuda a promover.
Um meio complexo de atividades de "expertises", de elaborações, compromissos e de distribuições de populações, mas assim mesmo com trabalho sobre a normalidade é mantido. Ele representa uma nova fórmula de gestão social organizada ao redor de um pólo centralizado de prevenção de riscos e de um pólo de convívio de força contra a fragilidade. No máximo, com "casal" funcional de informação e "psicologização". Uma subjetividade trabalhada por novas psicotecnologias não tem outro objetivo que a sua própria cultura e se encontra de fato disponível a todos os planos tecnocratas.