Apesar de o Brasil ser conhecido mundialmente como o país de maior tolerância racial e convivência pacífica entre povos diversos, para a população negra os cinco séculos de história nacional não produziram grandes alterações no tocante ao racismo e ao ideário de submissão e inferioridade que eles vivenciam. Uma das principais razões é a dificuldade de se estabelecer os critérios que definem o "ser negro" em nossa sociedade, já que vivemos em um país "mestiço" por excelência, no qual a imagem do negro foi esvaziada dos conceitos de beleza estética, moral, material e cultura. "Ser negro" significou e ainda significa ser inferior aos demais membros de nossa sociedade - ter menor escolaridade e emprego, menos acesso à cultura e ao status. Quantos não são os "mulatos", os "pardo-claros", os "moreninhos", os "escurinhos" que tentam dissimular a cor de usa pele na tentativa de fugir do gueto em que foram colocados pela elite pensante? Em A invenção do ser negro - um percurso das idéias que naturalizam a inferioridade dos negros, esses e outros conceitos são discutidos com seriedade, permitindo esclarecimento que levarão, certamente, à discussão do futuro do negro e sua inserção em nossa sociedade.