Clássico da literatura norte-americana, há 50 anos A LESTE DO ÉDEN (Vidas amargas) foi adaptado para o cinema por Elia Kazan e estrelado por James Dean numa atuação célebre que o projetou internacionalmente. Depois do seu desastroso depoimento para a Comissão sobre assuntos antiamericanos, presidida pelo senador Joseph McCarthy, Kazan recorreu à parábola bíblica para refletir sobre a sua própria condição na sociedade americana.
Publicado originalmente em 1952, A LESTE DO ÉDEN foi o projeto mais ambicioso de John Steinbeck, que passou 11 anos se preparando para a empreitada. Na prática, o livro consumiu um ano de trabalho ininterrupto, 25 dúzias de lápis, cerca de três dúzias de resmas de papel almaço e 350 mil palavras (antes dos cortes). No final desse esforço hercúleo, o autor tinha um calo no dedo médio da mão direita e o seu melhor livro.
O romance, além de reconstruir o confronto bíblico entre Caim e Abel - colocando de um lado do ringue um invejoso e cruel Caim e, do outro, o magnânimo e bondoso Abel -, cobre a história dos Estados Unidos desde a Guerra Civil até a Primeira Guerra Mundial. John Steinbeck entrelaça com maestria a história de sua família, a do seu país e da própria condição humana, condenada a viver num mundo trágico do qual Deus partira.
Steinbeck escreveu o romance para seus filhos, a fim de que entendessem as origens de sua família. Migrantes europeus que atravessaram mares em busca do jardim do Éden e que, no paraíso californiano, foram picados pela mesma serpente, que por um lado incita os filhos de Deus ao pecado e por outro lhes dá o inalienável direito humano da escolha. Trata-se de um hino ao individualismo emersoniano, tão americano quanto a prosaica torta de maçã.
Romance