Gosto de pensar que sou um homem livre, um verdadeiro solteirão e nada nunca abalou essa minha convicção. Veja bem, aos trinta anos, bem-sucedido, com tempo livre para sair, curtir e transar, a palavra “relacionamento” pode ser tão fria quanto um iceberg ou tão ruim quanto a própria morte.
Sem contar que, sabemos, romance, amor e paixão, são verdadeiras baboseiras. Um casamento é muito lindo na hora do sim, mas, depois do sim? A palavra “divórcio” brilha tão forte quanto o sol no verão do Rio de Janeiro. Sem contar as traições, que, convenhamos, não existiriam se as pessoas não se escondessem atrás de um amor falso.
É por isso que sou totalmente contra a qualquer tipo de relacionamento sério. Sexo é muito bom, mas fica melhor ainda quando se pode ir embora na manhã seguinte sem ressentimentos ou cobranças. Foi para isso que nasci — sim, nasci, pois se falar que fui criado para isso, mamma me corta a cabeça — e estava muito bem com a minha vidinha do jeito que era, até Alice Carvalho aparecer em meu caminho e me desestabilizar completamente. Nem se eu pudesse, conseguiria explicar o que senti quando a vi pela primeira vez e quando, inesperadamente, ela reapareceu em minha vida.
Por isso, soube que precisava tê-la em minha cama, mas ela disse “não”. E persistiu no “não”. Mas eu estava louco para ouvir um “sim” e, em meio ao desespero, fiz algo impensável: prometi a ela que, se aceitasse ficar comigo, poderíamos passar um tempo tendo sexo casual, sem nos envolvermos com outra pessoa. “Ficantes fixos”, nomeei.
Não, não era um relacionamento. Não tinha nada de romantismo. Era apenas dois adultos se encontrando algumas vezes por semana para fazerem sexo.
Mesmo assim, nunca pensei que essa inocente proposta poderia promover uma morte... A minha morte.
A morte de um solteirão.
Romance