Havia outrora, no dizer de três “saaluks”,
um palácio dourado, cujas quarenta portas
se abriam, a primeira para um jardim,
a segunda para um pomar, a terceira para um tesouro.
E assim sucessivamente, até à quadragésima
de entrada proibida, que dava para um recinto escuro.
Quem a transpusesse encontrava um cavalo negro,
estranho e belo, e que, apenas montado,
abria as asas e voava para o mais alto dos céus.
Os membros de três gerações de uma tradicional família portuguesa, proprietária de uma grande agência de notícias sediada em Paris, percorrem os terríveis e intensos anos da Primeira Guerra, da Revolução Russa e da Guerra Civil Espanhola, bem como os dramas da ascensão dos nazifascismos até o início da Segunda Guerra, desvendando-nos o mundo e os homens, todos os hábitos e emoções, vícios e virtudes desse imenso território humano. Em seu terceiro e mais ambicioso romance, José Geraldo Vieira foge ao imperativo nacionalista das últimas décadas para tentar, em voo pretensioso, um grande afresco da agitação de uma época que transitava da aldeia para a metrópole.
Romance