A república dos bugres é uma alentada contribuição às comemorações dos 500 anos do Brasil. Este livro surge em um momento oportuno para uma reflexão sobre a História do país e a nossa formação como povo. É uma realização literária de fôlego. — Antônio Torres
Poucos romances de estreia saem do prelo tão consagrados quanto A república dos bugres: nada menos do que quatro prêmios literários (Guimarães Rosa, da Secretaria de Cultura de Minas Gerais; Otávio de Faria, da União Brasileira dos Escritores; Biblioteca Nacional e Prêmio Literário Cidade de Recife), além de elogios de escritores e críticos literários respeitados como Antônio Torres e a professora Eneida Maria de Souza.
Ruy Tapioca, autor estreante de 52 anos, sai são e salvo da hercúlea tarefa de narrar — ele escolheu o ponto de vista dos excluídos — o período que vai da chegada da família real ao Rio de Janeiro em 1808 à Proclamação da República, em 1889, sem cair no modelo tradicional de romance histórico.
A partir de uma ampla pesquisa bibliográfica e de linguagem, Ruy Tapioca construiu uma estória picaresca, muitas vezes hilariante, que se encaixa como crítica social ao Brasil de ontem e hoje. Foram nada menos de dois anos de pesquisa em 58 livros de história e em dicionários de iorubá ou português medieval, pinçando expressões de época, palavras e até palavrões. Depois, o autor passou mais um ano e meio lapidando o texto que, no resultado final, parece ter saltado das crônicas da época. Assim, personagens reais, como Dom Pedro II, o líder negro Dom Obá (enredo da Mangueira no próximo carnaval), Machado de Assis e o padre Luiz Gonçalves dos Santos, mais conhecido como Padre Perereca, se somam a outros absolutamente fictícios.
A engenhosa trama é contada por dois enjeitados: Quincas, filho bastardo de Dom João VI, e Jacinto Venâncio, ex-escravo que vira padre. Misturados, a ponto de ser difícil dizer quem é quem, desfilam por um Rio de Janeiro reconstituído em seus mínimos detalhes. O segredo do romance histórico é transformar os personagens reais em ficção e os da ficção em realidade, acredita Ruy. A julgar pela aclamação de A república dos bugres, o estreante já se tornou um mestre.
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