A luz da Itália é muito clara e permite ler o que está escrito de través nos palimpsestos. Quem pode ter algum sentimento de permanência quando vai todos os dias para o trabalho pisando sobre imperadores mortos?
Com conceitos assim, o grande escritor que é Morris West se debruça sobre a cena contemporânea italiana para apresentar uma trama estremamente rica de fatos e de pessoas em torno de uma conspiração para restaurar um regime facista na recém-conquistada democracia da península.
A parte objetiva faria a qualquer romancista pela sua movimentação, pelas qualidades de suspense e mistério que impregnam os momentos sucessivos da história e pelo seu interesse intrínseco de coisa quase vista e de acontecimentos inteiramente situados na raia no possível.
Mas todos que conhecem e admiram Morris West na sua extensa e magnífica obra sabem que ele não se contenta com isso. Empenha-se principalmente em conhecer os cordéis que fazem moerem-se os fantoches humanos, em esquadrinhar as raízes psicológicas de seus atos, a sutileza complexa de suas motivações e de seus desígnios.
E é assim que nos passam diante dos olhos, em ondas, atropeladas de emoção e de interesse, agentes secretos, políticos, espiões, militares, peripécias e imprevistos, heroísmo e covardias, num conjunto estonteante de pessoas de situações, de golpes e contragolpes, de baixeza e grandeza, de amor e de política, de ambição e de patriotismo, que faz deste livro, desenrolado no setor equívoco da política, um dos mais bem realizados e empolgantes saídos da pena do grande e admirado escritor
Romance policial