Relato de viagem do jornalista gaúcho Orlando Loureiro, que viajou a Moscou em 1952, mais ou menos na mesma época que outro jornalista gaúcho, Josué Guimarães. Enquanto Josué, comunista de carteirinha, viu o paraíso na União Soviética em "As Muralhas de Jericó", Loureiro viu em "A Sombra do Kremlin" uma rígida ditadura, que assume o controle de todo pensamento.
Comentando a literatura na então gloriosa e triunfante URSS, escreve Loureiro: "A União dos Escritores funciona como um Vaticano para a moderna literatura soviética. O julgamento das obras a serem lançadas obedece a um critério estreito e sectário de crítica literária. Esta função é exercida por um conselho reunido em assembléia, que discute os novos livros...a exegese não se restringe aos aspectos literários ou artísticos da obra julgada, senão que abrange com particular severidade seu conteúdo filosófico, que deve estar em harmonia absoluta com os conceitos de “realidade socialista” e guardar absoluta fidelidade aos princípios ideológicos da doutrina marxista...podendo vir a tornar-se num legítimo best-seller, com tiragens astronômicas de 2 a 3 milhões de exemplares. E o seu modesto e obscuro autor poderá ser um "nouveau riche" da literatura e será festejado e exaltado e terminará ganhando o cobiçado "Prêmio Stalin".
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