Muitos me temem. Outros me tentam, em vão. Outros, desperançosos, chamam por minha presença.
Muitos alegam que sou um castigo, uma espécie de punição. Já outros, que sou o alívio de suas dores, a absolvição.
Querendo ou não, um dia lhe farei companhia. Eu já o conhecia quando dava seu primeiro suspiro. Também serei eu quem estarei em seu último.
Aparento ser egocêntrica. Levo comigo a beleza, a vitalidade, e as memórias do tempo. Contudo, não me julgue mal, também sou eu quem faço a semente germinar, purifico, fecundo e trago renovação.
No palco da existência dos vivos, sou justa com todos, soberbos e humildes, bons e maus, senhores e vassalos. Levarei a todos, sem distinção.
Pode me ludibriar, mas em vão será sua fuga. Inevitavelmente, serei sua última visita. Mas não me aguarde, eu não me atraso. Irei ao seu encontro na hora certa, tomarei sua mão e o levarei ao mundo dos mortos.
Ficção / Terror