A versão de Charles Dickens para o Evangelho de Lucas não foi escrita para os olhos do público. Misto de narrativa simplificada e livro de moral, A Vida de Nosso Senhor surgiu à época em que o grande autor inglês trabalhava em sua grande obra, David Copperfield. Mas o livreto nasceu com o propósito de ensinar aos seus filhos pequenos qual era a sua visão da fé que lhe movia – o Cristianismo. Era a leitura que Dickens fazia no ambiente familiar nas noites de Natal.
Para o leitor contemporâneo, contudo, o livro ganha renovado interesse. Ele apresenta as ideias religiosas de Dickens antevistas em diversos momentos de sua obra literária, permitindo-nos adentrar um pouco mais em seu universo simbólico. Seu Cristianismo, profundamente protestante, com forte influência de obras como O Peregrino, de John Bunyan, é uma religião igualitária, que tem na missão social sua grande razão de ser. O Cristo de Dickens, além de condensar em si diversas faces – professor, médico, líder e modelo ético –, prega a caridade como a grande virtude e serve de modelo moral aos seus fiéis.
Literatura Estrangeira / Religião e Espiritualidade