Um homem dedicado à família, mesmo com as atribulações de sua vida pública, e generoso, que gostava de ter todos perto de si em almoços na casa de campo. Essa é uma imagem que dificilmente associaríamos a Stálin, o responsável pela morte de milhões de pessoas e um dos personagens mais emblemáticos e polêmicos do século XX. Fruto da determinação da historiadora francesa Lilly Marcou em conhecer melhor uma figura tão contraditória, A vida privada de Stálin traça um perfil revelador do homem sempre ofuscado pelo mito. Sem pretender promover um novo julgamento dos anos de terror stalinista, o resultado do trabalho de Marcou é um Stálin de carne e osso, humano, ainda que não menos vulnerável às acusações da posteridade. Para escrever este livro, baseado em trinta anos de pesquisas, ela contou com fontes primárias, inéditas em em sua maioria. Mergulhou profundamente nos arquivos abertos ao Ocidente após o fim da União Soviética e entrevistou parentes e pessoas próximas a Stálin que sobreviveram aos expurgos. A autora evidencia como as atrocidades do regime conviviam com a esfera privada na vida do ditador e desvenda o homem por trás do mito, sem com isso questionar seus crimes. Por trás do líder carismático que mobilizou nações e surpreendeu seus pares como Churchill e Roosevelt; ou do governante implacável na eliminação de seus opositores, mesmo que fossem membros de sua própria família, ela recupera o jovem inúmeras vezes exilado pelo czar e o homem duas vezes viúvo e envolto numa crescente paranoia. Nesse processo, apresenta fatos novos, ilumina aspectos omitidos ou ignorados e esclarece controvérsias, fazendo a ponte entre o rumor e a realidade.