Quando a realidade é muito brutal – e tantas vezes é – todos nos embrutecemos com ela, numa estranha lei de ação e reação, na busca de um equilíbrio que fica cada vez mais distante.
O surpreendente deste livro é a subversão dessa lógica: a “vida real” narrada aqui é violenta, opressora, sufocante. E, no entanto, longe de sucumbir a seu peso, a jovem narradora escolhe enfrentar seus monstros, como uma pequena dom quixote contra moinhos, infelizmente, muito reais.
E isso é literatura das boas: a invenção de um tempo melhor, a possibilidade de fugir de tudo que nos sufoca. Adeline Dieudonné faz isso com uma graça ímpar. Que possamos aprender com ela.
Ficção / Literatura Estrangeira / Romance