O Rio de Janeiro ainda se lembra da triste celebridade que, há dez anos passados, tinha adquirido o lugar onde está hoje construído o hospital da Santa Casa.
Houve um periodo em que quase todas as manhãs os operários encontravam em algum barranco ou entre os cômoros de pedra e de areia o cadáver de um homem que acabara de pôr termo à sua existência.(...)
Amantes infelizes, negociantes desgraçados, pais de família carregados de dívidas, homens ricos caídos na miséria, quase todos aí vinham atraidos por um imã irresistível, por uma fascinação diabólica.
(...)Ouviram-se dois tiros de pistola: os trabalhadores que vinham chegando para o serviço correram ao lugar donde partira o estrondo e viram sobre a areia o corpo de um homem, cujo rosto tinha sido completamente desfigurado pela explosão da arma de fogo.
Um dos guardas meteu a mão no bolso da sobrecasaca e achou uma carteira, contendo algumas notas pequenas, e uma carta apenas dobrada, que ele abriu e leu: Peço a quem achar o meu corpo o faça enterrar imediatamente a fim de poupar à minha mulher e aos meus amigos esse horrível espetáculo. Para isso achará na minha carteira o dinheiro que possuo (...)
Literatura Brasileira / Romance