Alguns diálogos são desejáveis demais para caberem na realidade palpável. Nestes casos, a imaginação é o único fórum capaz de reunir as vozes que jamais poderiam ser cruzadas em vida. Esta ficção-homenagem propõe exatamente um desses encontros fortuitos demais para serem reais, visto que seus interlocutores foram separados por dois oceanos: um de água (o primeiro era brasileiro, o segundo, britânico) e outro de tempo (um viveu em meados do século XIX, o outro, na segunda metade do século XX). Duas coisas os unem, entretanto: o dom da poesia e a morte precoce. É justamente num limbo imaginário situado após a morte que se dá esse encontro, um local onde não há barreiras de língua e no qual as memórias e o pensamento se entrelaçam.
Escrito a quatro mãos por grandes apaixonados pelos personagens retratados, este livro testemunha o encontro impossível de dois grandes nomes da poesia contemporânea: Ian Curtis, vocalista da cultuada banda Joy Division, recém-chegado ao além em 1980, e Álvares de Azevedo, o grande nome da nossa segunda geração romântica, que lhe tutora com toda a experiência de um veterano na arte de morrer cedo. Mais que um mero elogio à produção de ambos, Ad Infinitum é uma declaração de amor à sensibilidade, aos anseios humanos e à imortalidade da poesia.
Literatura Brasileira