Paula Loureiro da Cruz retrata o pensamento da feminista marxista russa Alexandra Kollontai, que ficou conhecida no mundo por ser a primeira mulher na história contemporânea a ocupar o cargo de embaixadora em diversos países, e a exercer cargo pertencente ao alto escalão do governo presidido por Lênin durante o regime de transição socialista na Rússia, iniciado com a revolução de outubro de 1917.
Clara e inovadora, Alexandra Kollontai: feminismo e socialismo reúne todos os aspectos que compõem o pensamento de Kollontai: a sua luta pela superação da condição de opressão da mulher na sociedade capitalista, com o comunismo, e sua colaboração no enfrentamento dos obstáculos vividos pelo governo de Lênin durante o período de transição.
Com relação à questão da mulher, os temas como “crise sexual”, “adultério”, “família”, “divórcio”, “paixão”, “maternidade”, “relacionamento entre os sexos”, “liberdade sexual”, “igualdade”, “libertação e emancipação da mulher” são tratados de maneira objetiva e aprofundada, possibilitando ao leitor a compreensão dos elementos que integram o feminismo marxista. Para Kollontai, o amor será o culto futuro da humanidade.
Com relação ao pensamento político de Kollontai, a obra delineia com rigor os debates travados no Comitê Central do partido comunista russo, em vista das dificuldades enfrentadas no contexto de guerra civil, miséria e devastação, na Rússia, durante o regime de transição. Como fazer girar a roda da economia no socialismo? Como motivar o ser humano ao trabalho sem a ferramenta opressora do capital? Como transferir o controle das indústrias às mãos da população, em sua grande maioria analfabeta?
Sobre o pensamento jurídico de Alexandra Kollontai, a autora elabora de forma inovadora a junção e sistematização dos pensamentos desta e Evgeny Pachukanis, o grande filósofo do Direito no marxismo. As constatações são surpreendentes. O diálogo jurídico a respeito da burocracia e da moral burguesa, estabelecido entre ambos, confere ao leitor oportunidade única de compreensão do que está para além do Direito e dos parâmetros morais conhecidos, e que somente se mostrará presente com a transformação das bases econômicas capitalistas.