[...] as duas Alices não são livros para crianças; mas são os únicos livros em que nós nos tornamos crianças. O presidente Wilson, a rainha Victoria, o articulista do jornal The Times, o falecido lorde Salisbury – não importa quão velho, quão importante, ou quão insignificante você seja, você se torna outra vez uma criança. Virar criança é ser muito literal; é achar tudo tão estranho que nada é surpreendente; é ser impiedoso, cruel, e no entanto tão passional que qualquer desdém, uma sombra, veste o mundo inteiro de luto. É ser Alice no País das Maravilhas. É também ser Alice através do espelho. É ver o mundo de ponta-cabeça. Muitos dos grandes satiristas e moralistas nos mostraram o mundo de cabeça para baixo, e nos fizeram vê-lo, como as pessoas adultas o veem, como selvageria. Apenas Lewis Carroll nos mostrou o mundo de ponta-cabeça como uma criança o vê, e nos fez dar risada como uma criança dá risada, irresponsavelmente. Do texto de Virginia Woolf
Ficção / Literatura Estrangeira / Infantojuvenil