O CHAMADO CRISTÃO À CARIDADE
No passado, a fé cristã implicava um crente respondendo a um mundo tenebroso por meio da palavra e ação. Contudo, uma igreja moderna e autocentrada restringiu a fé a um pietismo que cede ao Estado sua responsabilidade pela caridade. O resultado disso foi o recrudescimento de uma ordem mundial humanista.
Além disso, o poder grandioso e redentor de Deus foi limitado praticamente a salvar almas da eterna perdição. Segundo as Escrituras, porém, o Reino de Deus é a prioridade, e todos nossos atos de misericórdia e benevolência devem pautar-se nessa importante missão. Somos servos de Deus — não ousemos, pois, esperar que Deus coloque a satisfação de nossas necessidades à frente de seu Reino.
A igreja atualmente sente dificuldades em retomar o sentido bíblico de palavras como caridade e compaixão, pois o progressismo posterior à Segunda Guerra Mundial redefiniu-as como assistencialismo estatal. Essa redefinição transformou a caridade numa ferramenta política para aprisionar a ordem social e tornar o Estado o principal agente da compaixão. A caridade não é mais pessoal.
No entanto, a compaixão bíblica flui daqueles que, tendo primeiro recebido a graça de Deus, manifesta-a agora aos demais. Portanto, a caridade bíblica — que é a compaixão em atividade — é pessoal: inicia-se com a misericórdia de Deus para conosco, que é, em seguida, expressa pelo povo de Deus a um nível individual. É no serviço ao Senhor que entendemos nosso chamado à caridade.
Neste livro, Rushdoony esclarece o chamado do cristão à caridade e suas implicações para o domínio santo. Numa época em que a ação cristã é vista com base na política, um retorno às obras cristãs de compaixão e de serviço piedoso será de grande valia para anunciar o retorno do governo de Deus, como nenhuma legislação jamais poderia fazê-lo.
Religião e Espiritualidade