Já no prefácio de As Américas e a civilização - que integra a coleção Estudos de Antropologia da Civilização, obra seminal de Darcy Ribeiro - o autor rejeita tanto as interpretações tradicionais das Américas quanto os dogmas marxistas que prevaleciam nos anos 60 e busca um corpo teórico novo, capaz de dar conta das complexidades dos povos e do processo civilizatório nas Américas. A novidade surge na conceituação então proposta por ele, dividindo os povos americanos em três - Povos-Testemunho, sobreviventes dos grandes impérios pré-colombianos; Povos Novos, produto da mistura racial e cultural entre colonizador, nativo e escravo; e Povos Transplantados, que mantêm as matrizes racial e cultural da metrópole. À essa nova conceituação Darcy alia o conceito de espoliação, que permeia todo o livro e explica a cisão entre países ricos e países pobres. Como antropólogo engajado, Darcy Ribeiro não se contenta, entretanto, em entender processos e identificar problemas. Ele também aponta possíveis caminhos para escapar do subdesenvolvimento.