Compilação de poesias de Auta de Souza. São poemas de amor e de beleza, de espiritualidade e de esperança.
Aqui se reúnem suas produções poéticas. São poemas de amor e beleza, de espiritualidade e esperança, em mundivivência mais ampla, porque nascidos nas mais extensas dimensões da Eternidade."
AUTA DE SOUZA
Notícias de Auta...
Sim, notícias de Auta, "a mais pura e dolorosa poetisa do Brasil", na palavra de Edgar Barbosa; "a eminente e humilde Auta de Souza, a mais espiritual das poetisas brasileiras" - no juízo de Andrade Muricy; "poetisa de raro merecimento" - reconhece Olavo Bilac, que prefaciou seu "HORTO", o único livro que ela nos deixou em sua rápida existência terrestre, uma "vida breve que foi canção, como na música de Manoel de Falla" - qual sente Luís Câmara Cascudo, seu biógrafo.
Tristão de Ataíde, no prefácio à 3ª edição do "HORTO", acentua que Auta de Souza "nunca sonhou com a glória literária. Nem mesmo com esse eco que só depois de morta veio encontrar no coração dos simples, onde toda uma parte de seus poemas encontrou a mais terna repercussão. E esse sentimento de absoluta pureza é o que mais encanta nos seus poemas. Auta de Souza viveu em estado de graça e os seus versos revelam de modo evidente. Daí o grande lugar que ocupa em nossa poesia cristã, em cuja cordilheira sempre há de ser um dos altos mais puros e mais solitários."
Francisco Palma, num soneto que lhe dedica, define-a "a cotovia da rimas."
Jackson de Figueiredo, opinando sobre "HORTO", considera "Auta de Souza como a mais alta expressão do nosso misticismo, pelo menos do sentimento cristão, puramente cristão, na poesia brasileira."
Manuel Bandeira, em formosa crônica na revista "Leitura", declara haver relido a biografia de Câmara Cascudo "com a emoção - confessa - que sempre me despertaram a vida e a obra da poetisa nordestina... (...). Se algum dia escrevesse uma biografia de Auta, bem outra epígrafe (refere-se a "cotovia mística das rimas", de Palma) lhe poria. Nunca vi, é verdade, o canto da cotovia.
Mas sei de cor desde menino, o final da "Morte de D. João":
A estrela da manhã na altura resplandece.
E a cotovia, a sua linda irmã, vai pelo azul um cântico vibrando, tão límpido, tão alto que parece que é a estrela no céu que está cantando!
E assevera concluindo: "Límpido foi o canto de Auta..."
Rematando essas anotações críticas sobre a poética de Auta, é justo anuir ao parecer de Câmara Cascudo: "Não pode haver duas opniões sobre Auta de Souza. É a maior poetisa mística do Brasil".
Meimei
(Uberaba, 2 de fevereiro de 1976)