Kobo Abe (em japonês: Abe Kōbō), pseudônimo de Kimifusa Abe, nasceu em Tóquio e passou a infância e a adolescência na região de Manchukuo, atual Manchúria, então ocupada pelos japoneses, onde seu pai era professor de medicina. A distância do seu país natal propiciou que não tenha desenvolvido laços tão fortes com a cultura nipônica como outros escritores japoneses seus contemporâneos. Em vez disso, o jovem Kobo Abe interessou-se não só pela matemática e pela entomofilia, como também pela filosofia ocidental, sobretudo a de Jaspers, Nietzsche e Heidegger.
Kobo Abe retornaria ao Japão em guerra em 1941, ingressando, dois anos mais tarde, na Universidade de Tóquio como estudante de Medicina. Licenciou-se em 1948, com a promessa de nunca vir a exercer a sua profissão. Em vez disso, decidiu dar início a uma carreira como escritor. Kobo Abe tornou-se membro da tertúlia literária Yoru no kai (Associação da Noite) liderada por Kiyoteru Hamada, inspirada pela tentativa de fusão da estética surrealista com a ideologia marxista, e a se interessar por teatro e cinema de vanguarda.
A sua primeira obra, uma coletânea de poemas intitulada Mumei Shishu (Poemas de um Poeta Desconhecido), que havia escrito em 1943, foi publicada em edição do autor em 1947. Ganharia uma certa reputação em 1948, com a publicação do romance Owarishi Michi No Shirube Ni (O Sinal no Fim da Rua). Seu experimentalismo foi bem acolhido pelas gerações mais jovens e recebeu prêmios pelos seus três contos Akai Mayu (O Casulo Vermelho, 1950), Kabe (1951) e S.Karuma-shi no Hanzai (O Crime de S.Karuma, 1951). Por este último, em que utilizou um estilo e um tema de género kafkiano, Kobo Abe foi distinguido com o Prêmio Akutagawa, o mais prestigiado prêmio literário do Japão. Essa tendência prosseguiu e veio a caracterizar definitivamente a obra do autor.
Dedicando-se também ao teatro, Kobo Abe tornou-se, na década de 70 e com a morte de Yukio Mishima, um dramaturgo de forte reputação, assegurada por peças como Tomodachi (Amigos, 1967), Bo Ni Natta Otoko (O Homem que se Transformou num Pau, 1969) e The Suitcase (A Mala, 1973).