Mary McCarthy é, talvez, uma figura pouco conhecida mas exerceu uma profunda influência na mente colectiva americana. Dela, o que se diz é que teve uma vida "escandalosa", desenvolveu uma amizade forte com essa grande figura do pensamento que foi Hannah Arendt e manteve um longo litígio com Lillian Hellman que durou até à morte desta última.
Mas McCarthy não se tornou uma das escritoras e pensadoras americanas mais importantes do século XX, apenas por causa destes "fait divers". Apesar de ter nascido no seio de uma família abastada, as suas primeiras experiências de vida foram dramáticas. Quando tinha seis anos, o pai e a mãe morreram num intervalo de vinte e quatro horas, vítimas de uma epidemia de gripe espanhola. O estilo de agradável que levara até aí, em Minneapolis, desapareceu para sempre. Ela e os irmãos, entregues pelos avós paternos, que eram católicos, ao cuidado de uns tios que lhes deram condições verdadeiramente "dickensianas", passaram cinco anos de verdadeira tortura até à salvação, na pessoa do avô materno, que era protestante e casado com uma judia. Em Seattle, onde passaram a viver, Mary ingressou num elegante colégio católico privado, onde rapidamente se transformou numa "raridade". O seu comportamento e desempenho levaram uma das freiras a fazer a seguinte apreciação da sua precoce aluna: "É exactamente como Lord Byron: brilhante mas pouco consistente". (fonte:http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=866&titulo=Mary_McCarthy)