Mariana Enríquez (Buenos Aires, 1973) é uma escritora e jornalista argentina. Considerada uma das integrantes da "nova narrativa argentina", destaca-se no gênero Horror, fortemente relacionado a questões políticas mescladas ao Sobrenatural.
Pode-se afirmar, com segurança, que Mariana Enriquez é um dos principais nomes da literatura de Horror atual. Como Contista, a argentina já havia assombrado e fascinado leitores de todo o mundo com a coletânea "As Coisas Que Perdemos No Fogo", publicada em 25 países – no Brasil, a obra chegou em 2016. Outro conjunto de narrativas breves de sua autoria, intitulado "Los Peligros de Fumar en la Cama (publicado originalmente em 2009 na Argentina – e em 2023, no Brasil, intitulado "Os Perigos de Fumar Na Cama"), teve grande repercussão em países anglófonos – soma-se a isso o fato de a tradução dessa coletânea para o inglês realizada por Megan McDowell ter sido finalista do prestigiado International Booker Prize.
Com o Romance "Nossa Parte de Noite", publicado em 2019 na Argentina e na Espanha, e em 2021, no Brasil, a recepção ao trabalho de Enriquez atinge um novo patamar. Sua obra vem gozando de enorme sucesso de crítica – êxito sustentado pela conquista de importantes prêmios internacionais, como o 'Herralde', da Espanha, – e de público, figurando em inúmeras listas de "Melhores Leituras do Ano" de suplementos literários e de outros veículos especializados. "Nossa Parte de Noite" relata a luta de um médium, Juan, para salvar Gaspar, seu filho, de um terrível destino envolvendo uma sociedade secreta, a Ordem. É uma história de estrutura ambiciosa e não linear, com núcleos que ora avançam, ora recuam no tempo, e de proporções monumentais, com mais de 500 páginas. Trata-se, sobretudo, de um grande Romance de Horror: as quatro partes que o compõem dialogam, cada uma, com diferentes correntes do gênero. E a escrita apresenta a intencionalidade que caracteriza a Ficção do arrepio, sendo permeada por imagens memoráveis e assustadoras. A expressão do Sobrenatural em Enriquez também carrega uma singularidade: a de se afastar de vertentes comumente associadas à Ficção argentina, como o Neofantástico, termo criado pelo pesquisador Jayme Alazraki para designar um tipo de narrativa que subverte o real discreta e lentamente, em um procedimento diverso da súbita ruptura muitas vezes encontrada em obras do Fantástico oitocentista. Nos Contos e no Romance da autora, essa ruptura ocorre e volta a tornar-se agente do assombro. Mas não só: contribuem para o Horror uma escrita hipnótica, a minuciosa construção de personagens e um poderoso subtexto social, relacionando Poder e Ocultismo.
Entrevista: file:///D:/Downloads/193430-Texto%20do%20artigo-533648-1-10-20211221.pdf