EL James é o nome de guerra de uma jovem escritora que se tornou um fenômeno literário que assinala um marco na Era Digital.
A consagração veio há pouco, quando ela apareceu no topo da lista dos bestsellers do NY Times, na soma de livros de papel e livros eletrônicos. Em dose tripla. James fez uma trilogia, como Stiegg Larsson.
Primeiro, ela surgiu na internet, pelas mãos de uma pequena editora americana. Depois, o enorme sucesso a empurrou para o papel. Agora, ela vai também para o cinema: a Universal comprou os direitos. Importante: a arrancada foi na base do boca a boca. Não houve campanhas de publicidade.
Qual o segredo?
Comprei no Kindle e li rapidamente 40% — até a contagem de páginas é diferente na internet – o primeiro volume da trilogia de James, chamado 50 Tons de Cinza. (Não sei se seguirei adiante. Meu tempo de leitura é limitado, e tenho que fazer uma seleção severa.
Mas o que li, aliado a uma pesquisa concentrada, foi suficiente para entender o sucesso.
James conquistou milhares de mulheres – o grosso de seu público – com o erotismo feminino. O sexo é farto em sua obra. E fácil de consumir. É como se você estivesse vendo um filme de Hollwood, acompanhado de um saco de pipocas. James não é, literariamente, refinada e sutil como Anais Nin, a grande escritora erótica que foi nos anos 1930 parceira sexual e literária de Henry Miller. É bem mais comercial. Por isso mesmo, seu público é dezenas de vezes maior que o de Anais.
A história, passada em Seattle, gira em torno de um casal dos sonhos, um homem e uma mulher jovens, lindos e ricos – e apaixonados. Ele tem um único problema, que ela vai descobrindo aos poucos: é patologicamente controlador. A outra coisa nova que ela conhece nele depois do casamento é que ele gosta de sexo sadomasoquista. Fora o sexo, o enredo tem a dose certa de suspense: parece haver algo de suspeito nos negócios do herói.
Os especialistas em mercado de livros acham que James abriu a porta para algo de que as leitoras do novo milênio estavam ávidas: histórias eróticas. Ela teria captado o zeitgeist – o espírito do tempo. Alguns prevêem uma enxurrada de romances feminismo eróticos.
Quem é ela?
Há ainda um mistério em torno disso. Até aqui, a mídia não descobriu o nome real de EL James. O que se sabe é que ela é inglesa, mãe de dois filhos, mora em Londres, tem pouco mais de 30 anos e trabalha em televisão.
EL James entrou já na história literária – não pelo talento, mas por ser o sinal mais evidente de que o futuro dos livros, gostemos ou não, é digital.