Paul Ricœur foi um dos grandes filósofos e pensadores franceses. Ele desenvolveu contribuições para a fenomenologia e a hermenêutica, em constante diálogo com as ciências humanas e sociais. Ricoeur também interessou-se no existencialismo cristão e na teologia protestante. Seu trabalho está centrado nos conceitos de significado, subjetividade e na função heurística da ficção, especialmente da literatura e da história.
Em 1936, licenciado em filosofia, criou a revista Être, inspirada nos preceitos de Karl Barth, teólogo cristão suíço. Em 1939, foi preso pelos nazistas e enviado ao campo de Groß Born; foi acadêmico na Universidade da Sorbonne. Passou também pelas universidades de Louvaina (Bélgica) e Yale (EUA), onde elaborou uma importante obra de filosofia política. Paul Ricœur participou de debates sobre linguística, psicanálise, o estruturalismo e a hermenêutica, com um interesse particular pelos textos sagrados do cristianismo.
Em 1983, nos três volumes de Temps et récit (pt. "Tempo e narrativa"), o autor destaca as proximidades entre a temporalidade da historiografia e aquela do discurso literário. Pode ser encontrada aí a vontade de Ricoeur de ligar a reflexão filosófica sobre a natureza da narrativa com a perspectiva linguística e poética. Desde cedo, se interessou sobre a história desde uma perspectiva filosófica sem, no entanto, praticar uma filosofia da história. Em Histoire et vérité (1955; pt. "História e verdade"), ele tenta definir a natureza do conceito de verdade em história e diferenciar a objetividade em história distinguindo-a da objetividade nas ciências exatas.
Anos mais tarde, ele se dedicará às questões culturais e históricas de uma perspectiva fenomenológica e hermenêutica. Ele fomenta então a discussão sobre a memória e a memória cultural em La mémoire, l'histoire, l'oubli (2000; pt. "A memória, a história, o esquecimento").