Manoel José do Bonfim


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Nascimento: 08/08/1868 - 22/04/1932 | Local: Brasil - Sergipe - Aracaju

Aos 12 anos mudou-se para Salvador, capital da província da Bahia, para fazer os cursos
preparatórios da Faculdade de Medicina, na qual ingressou em 1886. Em 1888 transferiu-se para o Rio de Janeiro – que de capital do Império passaria, com a proclamação da
República, a Distrito Federal – e aí se formou em 1890. Clinicou durante oito anos e em
1896 tornou-se professor de educação moral e cívica na Escola Normal, depois Instituto de
Educação. Nessa época escreveu livros didáticos, entre eles Língua portuguesa, em
coautoria com Olavo Bilac. Em 1897 assumiu a direção do Pedagogium, museu de
pedagogia criado em 1890 com o objetivo de impulsionar o ensino nacional dando ênfase
ao ensino nas escolas normais, e em 1898 assumiu a cátedra de psicologia e pedagogia da Escola Normal, abandonando definitivamente a medicina para aprofundar-se nas disciplinas pelas quais era responsável. No início do século XX, foi para Paris estudar com o médico Georges Dumas e o psicólogo Alfred Binet (inventor do teste de inteligência que recebeu seu nome), que lhe sugeriram a criação de um Laboratório de Psicologia Brasileira dentro do Pedagogium.
Morava em Paris em 1905, quando lançou o livro América Latina, males de origem, em
que negava a tese de que o atraso do continente se devia à índole de seu povo ou à
miscigenação. Para ele, a colonização era a origem dos tais males e só a educação pública
de qualidade daria um novo rumo para o Brasil e a América do Sul. Suas teses iam contra
as idéias recorrentes na sociologia e psicologia da época, pois considerava o fenômeno
psicológico como histórico e social, constituído nas relações entre as consciências
mediadas pela linguagem, a qual, para ele, era produto do meio e da socialização. Era
contra as pesquisas em laboratório, que considerava artificiais e restritas, e propunha um
método de estudo do psiquismo baseado no estudo das manifestações humanas dentro do
contexto histórico. Antecipou, assim, idéias desenvolvidas posteriormente pelo também
psicólogo e pedagogo suíço Jean Piaget e pelo cientista político Antonio Gramsci.
A publicação de América Latina, males de origem, rendeu uma polêmica com o folclorista
e historiador Sílvio Romero, sergipano como Bonfim, 17 anos mais velho, um dos 40
fundadores da Academia Brasileira de Letras e prestigiado nos meios intelectuais
brasileiros. Romero defendia idéias opostas às expostas no livro. Atribuía o atraso
brasileiro à miscigenação, que tornava o brasileiro infantil e semibárbaro, pois a mistura
com negros e índios havia corrompido o homem branco. A solução seria o branqueamento
da população, com a vinda de mais imigrantes europeus. Romero publicou em jornais 25
artigos de crítica ao jovem professor e psicólogo, e a polêmica virou rixa pessoal. Na
biografia de Manuel Bonfim, O rebelde esquecido, Ronaldo Conde Aguiar conta que os
ataques só foram revidados na imprensa uma vez.
Bonfim estava mais interessado em criar o Laboratório de Psicologia do Pedagogium – o
que ocorreu em 1907 – para incentivar o debate sobre a prática e a teoria do ensino,
fundamental para a cidadania e a consciência social da população. Nessa época assumiu a
Diretoria da Instrução Pública do Distrito Federal, sem deixar de ser professor, e passou a
registrar em livros a dupla experiência. Com base nas aulas da Escola Normal, publicou
Lições de pedagogia (1915) e Noções de psicologia (1916). Em 1919, deixou a direção do
Pedagogium para dedicar-se só às aulas e aos livros. Publicou Pensar e dizer: um estudo do símbolo no pensamento e na linguagem (1923), em que discorria sobre as correntes da
psicologia da época, O método dos testes (1926) e Cultura do povo brasileiro (1932).
Após sua morte, em 1932, no Rio de Janeiro, teve mais quatro obras publicadas: Crítica à
escola ativa, O fato físico, As alucinações auditivas do perseguido e O respeito à criança.
Embora com abordagem diferente, é considerado um pensador na linha de Joaquim Nabuco e José Bonifácio que, no século XIX, haviam atribuído o atraso brasileiro à escravidão. Bonfim foi adiante ao relacionar a escravidão à colonização predatória da América Latina, e preconizava como única saída o trabalho livre e a educação pública de qualidade.

História do Brasil

Livros publicados por Manoel José do Bonfim (2) ver mais
    Através do Brasil
    A América Latina: Males de Origem


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Brunífero
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02/09/2024 19:55:02

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