Pedro Nava surpreende,assusta, diverte, comove, embala, inebria, fascina o leitor, com suas memórias da infância a que deu título de Baú de Ossos. Seus guardados nada têm de fúnebre. Do baú salta a multidão antiga de vivos, pois este médico tem o dom estético de, pela escrita, ressuscitar os mortos. A vida quis torcer Pedro Nava para o rumo exclusivo da ciência, mas viu-se, afinal, que esta não o despojou da faculdade, meio demoníaca meio angélica, de instaurar um mundo de palavras que reproduz o mundo feito de acontecimentos. Antes o enriqueceu com dolorida e desengrada, mas, ainda assim, generosa experiência do humano.
"No dia 1º de fevereiro de 1968, botou na máquina uma folha de papel almaço sem linhas e, no apartamento da Rua da Glória, começou a alinhavar causos, paixões, ódios enostalgia nas páginas que batizaria como Baú de Ossos. Nascia no Rio, quase 70 anos depois de seu registro civil em Juíz de Fora, Pedro Nava, o escritor que a partir da história de sua família e de sua juventude elevaria o memorialismo à condição de grande arte."
(Carlos Drummond de Andrade)
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