'Nunca chegue perto do Muro”, foram as primeiras palavras que a jovem Lili Hillisheim ouviu assim que a família se mudou para a dividida Berlim. No setor ocidental, pertencente à capitalista República Federal da Alemanha (RFA), chamavam aquela muralha, simplesmente, de O MURO DE BERLIM. Enquanto que na República Democrática Alemã (RDA), o lado dos socialistas ou comunistas, como todos diziam, chamavam o Muro de Berlim de: a Muralha Antifascista. A partir do sótão de sua casa, Lili pode enxergar alguns dos símbolos do comunismo, a começar pelo próprio intransponível Muro, com suas centenas de torres de observação. O setor oriental de Berlim é bem vigiado como se fosse uma prisão. Ninguém pode se aproximar do Muro. As noites da cidade são mal iluminadas, uma variedade de tons acinzentados se mesclam com o amarelo opaco das ruas pouco claras da cidade. Os edifícios retangulares ao estilo Plattenbau dão uma leve noção do mundo comunista. Bem no centro deles, surge a torre de televisão oriental que dava ares de modernidade para o país de Honecker, Mielke e companhia ― os velhos que dominavam o país com mãos de ferro, desde que os soviéticos chegaram. Mas aquele universo estava um caos. Principalmente para Lili, pois em cada canto que ia, um mistério se formava e novas aventuras surgiam.
Literatura Brasileira