O uso de mercenários em conflitos bélicos não é novidade. Diferente no cenário da guerra no Iraque é a meteórica ascensão de uma companhia que, sob o comando de um radical cristão de extrema- direita, transformou-se de mero campo privado de treinamento militar em um colosso com 600 milhões de dólares somente em contratos oficiais com o governo dos Estados Unidos.
A Blackwater USA assumiu essa privilegiada posição em menos de uma década. Seu formidável crescimento coincidiu com a chegada ao poder da direita cristã, e seus negócios ganharam considerável impulso com os atentados de 11 de setembro
de 2001 e com a chamada “guerra ao terror”. Mas a Blackwater não atua apenas em território iraquiano, hoje ela opera em nove países. Seus agentes não são civis nem militares. Nessa espécie de limbo legal, a empresa não pode ser processada por eventuais crimes, seja pela justiça comum ou pela militar: está acima da lei. Com recursos e equipamentos suficientes para derrubar governos, companhias como a Blackwater representam uma ameaça real à democracia norte-americana e mundial.