1965. Uma menina de oito meses é encontrada em um gramado da Villa Borghese, em Roma. É fruto de uma relação extraconjugal, numa época em que o divórcio é proibido na Itália e as mulheres, em algumas realidades do interior do país, ainda podem ser obrigadas a casar sem amor. O marido legítimo desconhece a paternidade e até denuncia a jovem cônjuge. O casal de amantes não tem saída: sem meios de criar a pequena, decide abandoná-la com um bilhete e se jogar nas águas do Tibre. A menina, Maria Grazia, é então adotada por uma professora de literatura, Consolazione, e por Giacomo, deputado do Partido Comunista Italiano no Parlamento. Junto com eles, a menina vive sua primeira infância com alegria e acolhimento. Ela se sente amada por sua nova mãe, até o dia em que se abre entre elas uma ferida fundamental.
Em uma narrativa íntima, poética, musical, mas nunca idílica, Maria Grazia Calandrone coleta cacos da memória até o limiar da vida adulta, tentando reatar os fios da relação com a mãe que corre o risco de se perder nas dobras do tempo. E é justamente a relação com a mãe, dolorosa e repleta de sombras, que faz brotar na mulher a vocação literária.
“Isto não é um romance, não é uma autobiografia: é a explosão de uma estrela”.
– Andrea Cortellessa
Literatura Estrangeira / Romance