“Não se pode imprimir nas páginas de um livro uma vida qualquer. Ela não precisa ser de alguma celebridade, como podem pensar alguns, mas precisa ter representatividade. Na biografia de Denize Ricardi, vemos conquistas e frustrações, encontros e desencontros que representam a experiência humana, mas que, no seu caso, foram vividos numa profundidade incomum.
“Escrever para não enlouquecer”: Denize é uma mulher corajosa. Ao escrever, ela vai tirando uma a uma as vestes que a cobrem. Algumas são leves, porque revelam a persistência, o humor despretensioso, as doces lembranças… Há outras, porém, que são pesadas, que custam a deixar o corpo, porque denunciam marcas de grandes feridas. Mas ela só consegue expô-las hoje porque não estão mais abertas, tornaram-se cicatrizes.
No caleidoscópio, não há planos estanques ou estáticos. E os espelhos revelam o verso e reverso.“
Oscar Nakasato
“Uma vida vivida e sentida em toda a sua complexidade: combinações de imagens, sucessão rápida e cambiante de impressões, de sensações. Caleidoscópio: o pequeno instrumento cilíndrico que contém fragmentos móveis de vidro colorido e o Caleidoscópio da Denize Ricardi: título que reflete o que o leitor irá encontrar. Seja pela ternura, por um lado, seja pela produção de desconforto, por outro. Tensões entre beleza e estranhamento na vida cotidiana, a perturbação e a profunda poesia. Mas o que é a vida, afinal, senão esse fluxo a partir da memória? Não são apenas lembranças – como a autora nos lembra que deveria se chamar este livro –, são memórias pintadas pela ressignificação, por uma vida que, vivida e sentida, tem muito a inspirar em cada leitor.“
Adelaide Strapasson
Literatura Brasileira