O assassinato do influente Rasputin, em dezembro de 1916, pelo príncipe Felix Yusupov, herdeiro da família mais rica da Rússia, foi o prenúncio do incrível e transformador ano que se seguiria, e que terminaria com instauração do primeiro estado comunista do mundo e com a criação do instrumento de repressão desse novo estado, a polícia secreta Tcheca. No Dia Internacional da Mulher, em fevereiro de 1917, no calendário russo, a marcha das mulheres é a faísca que que põe fogo em uma Rússia que enfrenta uma dura guerra contra a Alemanha em um cenário interno de inflação alta e escassez de alimentos. Em março, o último dos czares Romanov, há três séculos comandando o país, é forçado a abdicar. A figura que desponta não é Lênin, que estava escondido na Suíça, mas Alexander Kerensky, um político humanista reformador. A narrativa construída por Brian Moynahan resgata a voz e a ação dos protagonistas principais ao lado de jornalistas e escritores, embaixadores, agentes secretos estrangeiros e outras testemunhas, algumas anônimas, que viveram alguns dos eventos mais importantes e fascinantes do século XX, e que transformaram o mundo para sempre. E não foi um acontecimento pontual. Foi um ano inteiro de convulsões, em que soldados assassinavam oficiais, camponeses tomavam fazendas, palacetes eram invadidos, autoridades não resistiam nos cargos. O autor nos leva às ruas borbulhantes de Petrogrado (que nasceu São Petersburgo e depois de Petrogrado ainda foi Leningrado, antes de voltar a ser São Petersburgo), aos gabinetes do governo, aos esconderijos de Lênin, aos quartéis, às reuniões dos sovietes, ao palácio do czar, ao porão onde Rasputin foi assassinado. Nas páginas deste livro, convive-se com um subjugado czar Nicolau, com uma manipuladora e manipulada czarina Alexandra, com um Kerensky carismático e vacilante, um Lênin duro e errante, um Trotsky exuberante, um Stalin nas sombras; como escritor Maksim Górki, o poeta Alexander Blok, o agente secreto Somerset Maugham, os repórteres americanos John Reed e Louise Bryant, o memorialista Nikolai Sukhanov e dezenas de outras pessoas apanhadas e agentes no turbilhão da História. Eis a Revolução Russa.
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