Podia ser um sábado, um domingo pela tarde ou, durante as férias. Qualquer dia em que a víssemos desocupada, ela adivinhava que iríamos fazer nosso pedido: “Mamita, conte-nos um conto!”. Com um sorriso desenhado nos olhos e nos lábios, nossa avó dirigia-se à sua poltrona e se preparava para seu tradicional “Era uma vez em um reino distante...” que descortinava um mundo de fantasia pelo qual nos conduzia com doçura.
Os irmãos ― éramos cinco ― instalávamo-nos ao seu redor e nós deixávamos transportar, pelos seus tapetes mágicos, a esses reinos remotos que nos havia anunciado. Ninguém se movia nem ousava interrompê-la. Assim conhecemos uma galeria de personagens extraordinários: bruxas malvadas, princesas encantadoras, e às vezes encantadas, ogros famintos de carne humana, anões prestativos, fadas benfeitoras, madrastas, reis e rainhas, assim como uma infinidade de objetos mágicos e, sobretudo, muitos heróis.
Um parágrafo à parte merecem aqueles personagens que conheciam a linguagem dos animais, os que, sem nenhuma dificuldade, compreendiam o dito pelo galo à galinha, a conversa entre o leão e o rato, e assim por diante.
Mamita encerrava seus relatos assim: “Monto em um potro para que depois me contem outro”. Era sua maneira de dizer-nos que a sessão havia concluído e que, conto, só da próxima vez. Porque nós ficávamos abastecidos de fantasias, mas nunca saciados, sempre queríamos mais.
Se chegaram até aqui é possível que se tenham feito a seguinte pergunta: “E porque nos conta isso?”. A resposta é simples, porque além de identificar-me com os tantos heróis encontrados em seus relatos, aprendi a linguagem dos animais. Graças a isso, e a eles, posso agora apresentar-lhes este livro que, como verão, além de animais falantes, tem animais que comunicam mensagens sobre os humanos e suas estranhas dificuldades relacionais.
Espero que resolvam levar o livro para casa, que desfrutem da conversa e aproveitem as lições para constituir um casal harmonioso, amoroso.
Carlos Arturo Molina Loza [contracapa]
Psicologia