Nascia num momento de profunda incerteza política, órfã de pai, falecido em 1506, e filha de uma rainha a quem muitos começavam a chamar Louca. Em 1509, D. Joana foi encarcerada no paço régio de Tordesilhas, às ordens de Fernando o Católico. Catarina partilhou com a mãe o cativeiro e aí cresceu num monótono e confinado quotidiano apenas quebrado em 1518 pelo breve episódio do seu «rapto» pelo seu irmão Carlos, recém-chegado a Espanha, e pela revolta das Comunidades de Castela em 1520. Em 1524, o destino de Catarina mudou. No âmbito do diferendo entre Portugal e Castela em torno das ilhas do «cravo e das especiarias» de Maluco, seu irmão, o imperador Carlos V, concerta o seu casamento com D. João III. D. Catarina ocupou o trono de Portugal até à morte de D. João III e foi regente na menoridade do rei D. Sebastião, seu neto, até 1562, num quadro de tensão política entre facções e sensibilidades no qual D. Catarina, para lá de qualquer outro juízo, sempre evidenciou inegáveis qualidades de inteligência e determinação. A sua vida foi marcada pelo drama da morte de todos os nove filhos, que gerou num processo que, dadas as tão estreitas relações familiares e dinásticas com a Espanha de Carlos V e depois de Filipe II, veio a fazer da sucessão do trono português um delicado problema político. D. Catarina faleceu na madrugada de 12 de Fevereiro de 1578, poucos meses antes de se consumar, em Alcácer-Quibir, o desaparecimento de D. Sebastião e, com ele se traçar o fim da dinastia de Avis.
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