O Movimento Tropicalista ganhou destaque com as vozes e defesas de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Suas ideias de antropofagia e a proposta de um total rompimento de formatos marcaram os anos 70 e modificaram para sempre o cenário musical. É em busca desta total reformulação que Newton Cannito chega com o livro Choque de Tropicalismo, publicado pela editora nVersos.
Com prefácio de Cacá Diegues e orelha de Manoel Rangel, Diretor Presidente da ANCINE, Newton fomenta o debate sobre a atual produção cinematográfica nacional. Para isso, primeiramente constata a situação para depois apresentar ideias e argumentar modificações e inovações.
“Ainda estamos no debate que a música superou nos anos 1960”, afirma Newton.
Escrito em primeira pessoa, Choque de Tropicalismo se divide em cinco partes: Intervenções estéticas/políticas, Intervenções políticas/estéticas, Reflexões sobre a prática, Fábrica de ideias cinemáticas e Centro de Inovação audiovisual.
Desde a relação com o público, passando pelo prazer do artista na hora de criar a produção industrial, Newton se preocupa em apresentar todo o cenário. Aborda os problemas (a restrição de gêneros), os destaques (Tropa de Elite de Fernando Meirelles e Nosso Lar de Wagner Assis) e os diferenciais que podem ser trabalhados (como a grande diversidade na sociedade brasileira).
Um dos problemas apontados por Newton é a falta de variedade e criatividade na criação de novas temáticas: “Já é hora de o cinema nacional deixar de ser um gênero e tornar-se criador de novos”, diz ele. Então apresenta todo o processo de criação de um gênero e a ligação da arte com o público. “Filme é a obra na película, e o cinema só se concretiza no evento cultural da projeção, quando o filme entra em diálogo com o público”.
A partir do coletivo, com criatividade e pluralidade, Newton propõe em sua obra uma antropofagia cinematográfica que compreenda que o público não é homogêneo e muito menos imbecil: “O mercado, em resumo, é apenas uma abstração indefinida”.
Choque de tropicalismo é uma obra que vai além de temas e áreas, não se define apenas em cinema, mas sim, em um apelo pelo debate quanto à produção artística nacional. Newton, com sua linguagem direta e sincera, unida ao seu vasto conhecimento e experiência no cinema, oferece um livro essencial para todo brasileiro que gosta e valoriza a sua cultura.
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