Meros vinte anos, pouco estudo e ainda menos experiência, María Teresa parece talhada para o emprego: como inspetora do tradicionalíssimo Colégio Nacional de Buenos Aires, fundado e freqüentado pelos próceres da nação argentina, basta-lhe rezar pela cartilha do regulamento interno, feito de proibições e repetições, distâncias e medidas, que parecem se tornar ainda mais rígidas pela atmosfera pesada que reina nos anos finais da ditadura militar argentina.
Nesse ambiente claustrofóbico, destaca-se a figura do senhor Biasutto, chefe dos inspetores, vulto obscuro e autoritário, redator de "listas" afamadas, cujo significado a protagonista não discerne de todo. Para agradar a essa figura que lhe parece protetora e viril ao mesmo tempo, a inspetora dá o melhor de si na tarefa de controlar os desvios - reais ou imaginários - dos alunos.
Num universo em que tudo é proibido e, por conseguinte, tudo é transgressão, María Teresa cai aos poucos numa espiral vertiginosa, feita de suspeita, vigilância, controle, mas também de curiosidade, perversão e prazer. Nesse trajeto e nesse colégio que é um microcosmo do país, María Teresa viverá - e viverá na própria carne - as vicissitudes e as tribulações da Argentina no ano de 1982, em que a ditadura militar aposta suas últimas fichas na invasão das ilhas Malvinas.
Ficção / Literatura Estrangeira / Romance